sexta-feira, 14 de março de 2025
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Com influência direta do fogo, resiliência do Pantanal é marcada por ciclos de cheia, seca e vegetação adaptada

Com ciclos naturais de cheia e seca, o Pantanal também tem a influência do fogo, além da água, em sua história e dinâmica. Mas devido as mudanças climáticas – com altas temperaturas, interferência direta no período de chuvas e acentuação da seca –, os incêndios florestais são intensificados a cada ano.

Mas o fogo tem importância e relevância para o bioma, e por isso existe a necessidade da manutenção de áreas com aplicação de técnicas de manejo integrado e ações preventivas para diminuir a quantidade de biomassa existente na planície, contribuindo para reduzir a probabilidade de ocorrência de grandes incêndios florestais nos próximos meses.

Com 84% da vegetação nativa preservada, o Pantanal sul-mato-grossense é o bioma mais preservado do mundo.

Como parte dessas ações, o Governo do Estado, por meio do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) – ligados a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) –, investe e apoia uma pesquisa científica que tem como missão reunir dados e identificar o comportamento do bioma após o período de incêndios.

Geraldo Damasceno (Foto: Bruno Rezende/Secom)

“O Pantanal é forjado no fogo, por isso tem resiliência a ele. O bioma tem clima bastante sazonal, seco e chuvoso, com o diferencial da cheia, com campos inundáveis. E se houver fogo, está relativamente bem adaptado. No nosso estudo estamos avaliando o que realmente mudou após o fogo. Algumas áreas se recuperam em dois meses”, relatou o doutor em biologia e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Geraldo Damasceno Júnior.

O estudo é realizado desde 2021, como parte do programa Peld (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração) do Nefau (Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas), da UFMS.

“A intenção é identificar a melhor época para fazer o manejo, qual o intervalo adequado. No Cerrado é de dois a três meses, mais ou menos, mas no Pantanal ainda não temos essa informação. Muitas coisas mudaram no bioma após o fogo intenso de 2020, e por isso avaliamos a situação no início, meio e fim da estação seca, quais as diferenças em cada período e quando seria ideal fazer a queima de áreas para evitar os grandes incêndios no futuro”, explicou o pesquisador.

 

Com vegetação sucessível ao fogo, a seca que atinge o bioma e se instala com mais força a cada ano, também é um fator de risco intenso para a ocorrência de incêndios florestais. Por isso, o Governo do Estado realiza trabalho permanente e constante de vigilância e preparação das ações de combate ao fogo em todo o Pantanal sul-mato-grossense.

O CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar) mantém bases avançadas ativas, em áreas remotas e de difícil acesso do Pantanal, para facilitar o deslocamento das equipes que atuam no controle e extinção dos incêndios. Além disso, é realizado trabalho educativo nas comunidades locais e ações preventivas em propriedades rurais e parques estaduais.

Toda a preparação considera a questão climática no bioma, com chuvas abaixo da média histórica. Dados do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) apontam déficit de mais de 200 mm, entre os dias 1° de novembro de 2024 e 28 de fevereiro de 2025, em Porto Murtinho e Porto Esperança.

A situação crítica foi ainda pior entre 1° de novembro de 2023 e 29 de fevereiro de 2024 – época do período mais chuvoso –, com déficit de 400 mm nos mesmos locais monitorados.

 

“O ano de 2024 foi o mais crítico quando comparado a este ano de 2025. Porém, as chuvas estão bem irregulares. E a previsão indica que para os próximos meses as chuvas tendem a ficar abaixo da média histórica”, afirmou a meteorologista e coordenadora do Cemtec, Valesca Fernandes.

A vegetação do Pantanal de Mato Grosso do Sul, e sua regeneração após o período de incêndios florestais, é o objeto de estudo da pesquisa da UFMS com o objetivo de compreender como o fogo e a inundação – ambos típicos do bioma – podem, a longo prazo, determinar a estruturação dos ambientes nas áreas inundáveis do Pantanal.

Desde 2018, o bioma passa por períodos de estiagem cada vez mais longos e adversos, resultado das mudanças climáticas em todo o mundo.

“Com relação à questão das mudanças climáticas, nos últimos anos o Pantanal tem enchido cada vez menos, e estamos num ciclo grande de seca que não ocorria desde a década de 60. Eventualmente ocorrem secas mais extremas, muito fogo, ondas de calor muito fortes que contribuem para que o fogo se alastre mais. O bioma está nesse ciclo de secas, diferente do ciclo desde 1970 até mais ou menos 2015. Estamos com um período mais seco e não sabemos quanto tempo vai durar”, disse o doutor em Ciências e pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Pantanal, em Corumbá, Carlos Padovani.

O uso controlado do fogo, como parte das ações de manejo integrado, também faz parte da pesquisa em andamento. O trabalho prevê o desenvolvimento de ações educativas e de queima prescrita, para diminuir a probabilidade de incêndios florestais.

“A gente tem várias ações de pesquisa, e estamos verificando qual que é o efeito que o fogo tem nas diversas paisagens. Trabalhamos nas áreas de campos inundáveis, que são as principais áreas de uso como pasto. Estamos vendo o efeito disso na flora, fauna – répteis, aves, pequenos invertebrados”, explicou Damasceno.

Natalia Yahn, Comunicação Governo de MS
Foto de capa e galeria 3: Saul Schramm/Secom/Arquivo
Galeria 1: Alexandre Pereira/UFMS
Galeria 2: Álvaro Rezende/Secom/Arquivo


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SES alerta para aumento de ataques de abelhas em MS e reforça medidas de prevenção

Com mais de 1.200 casos registrados entre 2023 e 2024, Mato Grosso do Sul enfrenta crescimento nos acidentes com abelhas. Em resposta a essa situação, a SES (Secretaria de Estado de Saúde), por meio do Ciatox-MS (Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Mato Grosso do Sul), divulgou nota técnica reforçando a importância da prevenção e do atendimento rápido às vítimas. Campo Grande lidera as notificações, seguida por Três Lagoas e Corumbá, e a média no Estado já ultrapassa um caso por dia.

De acordo com o Ciatox-MS, a maioria dos ataques ocorre devido à presença de enxames em áreas urbanas e rurais, muitas vezes provocados por perturbações involuntárias. O documento alerta que uma única ferroada pode causar reações alérgicas graves, enquanto múltiplas picadas aumentam significativamente o risco de complicações sistêmicas.

O coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental e Toxicológica da SES, Karyston Adriel Machado da Costa, explica que a alta incidência de casos exige maior conscientização da população. “As abelhas têm um papel fundamental na natureza, mas podem representar um grande risco à saúde quando se sentem ameaçadas. O objetivo dessa nota técnica é ampliar o conhecimento sobre medidas preventivas e garantir que as pessoas saibam como agir diante de um ataque”, destaca.

Principais recomendações da nota técnica

Entre as orientações do Ciatox-MS, destacam-se:

✅ Evitar perturbar enxames: Não tente remover, capturar ou espantar colmeias por conta própria. Em caso de enxameação em áreas públicas ou propriedades, acione o Corpo de Bombeiros.

✅ Manter a calma em caso de ataque: Evite movimentos bruscos, pois eles podem atrair mais abelhas. Se possível, proteja o rosto e o pescoço com um pano e afaste-se rapidamente.

✅ Cuidado com roupas e perfumes: Cores vibrantes, fragrâncias intensas e sons altos podem atrair enxames e aumentar o risco de ataques.

✅ Atenção ao horário de maior atividade das abelhas: Entre 10h e 15h, com temperaturas mais altas e maior luminosidade, as abelhas estão mais ativas e propensas a reações defensivas.

✅ Importância do atendimento médico imediato: Pessoas alérgicas devem buscar ajuda rapidamente ao serem picadas. Em casos de múltiplas ferroadas, o atendimento deve ser prioritário para evitar complicações.

A SES reforça que, em caso de emergência ou dúvidas, a população pode entrar em contato com os bombeiros 193 e Ciatox-MS pelos telefones 0800-722-6001 ou 3386-8655.

Confira a Nota Técnica na íntegra:

Nota Técnica Acidentes Abelhas_2025 (1) (2)

Danúbia Burema, Comunicação SES
Foto: Ministério da Saúde 

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