Alan justifica lockdown para ‘evitar que o desastre seja ainda maior’
O prefeito de Dourados, Alan Guedes (PP), anunciou na manhã desta sexta-feira (28) que vai decretar lockdown a partir de domingo (30) para tentar conter o avanço da pandemia do novo coronavírus no município. Segundo ele, a decisão foi tomada “para evitar que o desastre seja ainda maior”.
Em pronunciamento nas redes sociais da prefeitura, o chefe do Executivo municipal citou que quase 500 moradores locais já morreram e a fila de espera por leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) tem de 40 a 50 pessoas todos os dias para “afirmar sem medo de errar que esse é o momento mais difícil a pandemia em nossa cidade”.
“Os números e a pressão sobre o sistema de saúde confirmam isso. Não vou ficar marcado na história por não ter feito o que é preciso ser feito. Eu, como prefeito, preciso tomar a decisão para evitar que o desastre não seja ainda maior. Não posso e não quero aceitar que as pessoas morram em casa, sem assistência, e não quero dizer não aos pacientes que vêm da nossa macrorregião”, afirmou.
O agravamento da pandemia em Dourados e região tem dado sinais claros desde o início de maio. Não bastassem os mais de 31 mil diagnósticos e 770 mortes – 486 de moradores locais e 284 de pacientes vindos de outras localidades, neste mês houve ao menos dois óbitos domiciliares, de vítimas do novo coronavírus que sequer tiveram a oportunidade de receber o atendimento médico adequado.
No dia 13, a administração municipal confirmou o falecimento de um homem com comorbidades na própria casa após passar mal. O resultado da sorologia apontou a Covid-19 como causa. Na sexta-feira (21) foi confirmada a morte uma mulher que estava em isolamento domiciliar, passou mal e não resistiu. Acionado por familiares, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) nada pode fazer.
De acordo com o prefeito Alan Guedes, Dourados hoje confirma mais casos de Covid-19 por dia do que Campo Grande. A média está acima de 200. Além disso, dados do Hospital da Vida revelam as hospitalizações em UTI costumam durante entre 15 e 20 dias internado e de cada 10 pacientes entubados, apenas cinco conseguem sobreviver.
“Isso demonstra a gravidade com que as pessoas têm chegado”, ponderou, acrescentando que mesmo elevando de 35 para 55 o número desses leitos em cinco meses, não foi possível frear a sobrecarga. Por essa razão, a partir de hoje foi alterado o fluxo de atendiementos, com a UPA (Unidade de Pronto Atendimentto) focada exclusivamente no atendiemento de pacientes diagnosticados com a Covid-19.
“Essa doença desafia a todos, ciência, médicos e sistemas de saúde em todo mundo. Difícil alguma família que não tenha perdido um ente querido”, lamentou, citando partidas prematuras.
Além de trabalhar para aumentar a disponibilidade de UTI’, mandatário afirmou que atua para ampliar a base vacinal, porém, não há como fugir da dependência do envio de doses pelo governo federal.
Ainda conforme o prefeito, a decisão pelo lockdown foi tomada após diversas reuniões com a equipe econômica de Prefeitura de Dourados, mas também levou em consideração os pareceres dos mais gabaritados especialistas.
Ao garantir ter “muita solidariedade com o lado econômico, empresarial” da cidade, pediu compreensão de todos “porque a situação chegou no limite”.
“Nossa equipe está trabalhando no decreto que vai esmiuçar cada atividade que poderá ficar aberta. A partir de domingo Dourados entrará em lockdown de 14 dias. Somente serviços mais essenciais poderão funcionar, como saúde, postos e supermercados. Vamos suspender a circulação das pessoas para conter a circulação do vírus”, resumiu.