quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Ação Social Eventos

Conselho Tutelar alerta famílias sobre sinais que indicam abuso sexual

 

Os conselhos tutelares de Dourados estão realizando nesta terça-feira (18) uma ação de mobilização para conscientização de famílias sobre abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. 18 de maio é a data escolhida para a campanha nacional, em memória ao caso Araceli. Um crime que chocou o país na época. Araceli Crespo era uma menina de apenas 8 anos de idade, que foi violada e violentamente assassinada em Vitória, no Espírito Santo, no dia 18 de maio de 1973. Este crime, apesar de hediondo, ainda segue impune.

 

Segundo a coordenadora do Conselho Tutelar Leste, Janine Matos, com a pandemia da Covid-19 aumentaram os casos de abuso. “As denúncias aumentaram em 20% no período pandêmico, as crianças têm passados mais tempo com acesso a celular, internet e muitas ainda ficam sozinhas, já que as aulas presenciais seguem suspensas e os pais precisam trabalhar”, explicou a conselheira.

 

Denunciar casos de crianças e adolescentes em situações de risco é fundamental. Os conselhos ressaltam a importância do envolvimento de toda sociedade na proteção dos mais vulneráveis. Não é necessário se identificar, basta ligar para um dos conselhos, (67) 98468-6145, (67) 98401-2625 ou ainda pelo disk 100.

Um dos alertas da campanha é para os sinais de abuso que muitas crianças apresentam. São sinais físicos, psicológico e sociais que quando observados podem salvar uma vida. Confira um resumo dos sinais, divulgados pela Child Hood:

  1. Mudanças de comportamento

O primeiro sinal é uma possível mudança no padrão de comportamento da criança, como alterações de humor entre retraimento e extroversão, agressividade repentina, vergonha excessiva, medo ou pânico. Essa alteração costuma ocorrer de maneira imediata e inesperada.

  1. Proximidades excessivas

A violência costuma ser praticada por pessoas da família ou próximas da família na maioria dos casos. O abusador muitas vezes manipula emocionalmente a criança, que não percebe estar sendo vítima e, com isso, costuma ganhar a confiança fazendo com que ela se cale.

  1. Comportamentos infantis repentinos

É importante observar as características de relacionamento social da criança. Se o jovem voltar a ter comportamentos infantis, os quais já abandonou anteriormente, é um indicativo de que algo esteja errado. A criança e o adolescente sempre avisam, mas na maioria das vezes não de forma verbal.

  1. Silêncio predominante

Para manter a vítima em silêncio, o abusador costuma fazer ameaças de violência física e mental, além de chantagens. É normal também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de material para construir uma boa relação com a vítima. É essencial explicar à criança que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com pessoas de confiança, como o pai e a mãe, por exemplo.

  1. Mudanças de hábito súbitas

Uma criança vítima de violência, abuso ou exploração também apresenta alterações de hábito repentinas. O sono, falta de concentração, aparência descuidada, entre outros, são indicativos de que algo está errado.

  1. Comportamentos sexuais

Crianças que apresentam um interesse por questões sexuais ou que façam brincadeiras de cunho sexual e usam palavras ou desenhos que se referem às partes íntimas podem estar indicando uma situação de abuso.

  1. Traumatismos físicos

Os vestígios mais óbvios de violência sexual em menores de idade são questões físicas como marcas de agressão, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. Essas são as principais manifestações que podem ser usadas como provas à Justiça.

  1. Enfermidades psicossomáticas

Unidas aos traumatismos físicos, enfermidades psicossomáticas também podem ser sinais de abuso. São problemas de saúde, sem aparente causa clínica, como dor de cabeça, erupções na pele, vômitos e dificuldades digestivas, que na realidade têm fundo psicológico e emocional.

  1. Negligência

Muitas vezes, o abuso sexual vem acompanhado de outros tipos de maus tratos que a vítima sofre em casa, como a negligência. Uma criança que passa horas sem supervisão ou que não tem o apoio emocional da família estará em situação de maior vulnerabilidade.

  1. Frequência escolar

Observar queda injustificada na frequência escolar ou baixo rendimento causado por dificuldade de concentração e aprendizagem. Outro ponto a estar atento é a pouca participação em atividades escolares e a tendência de isolamento social.

 

Durante todo o mês de maio a campanha de enfrentamento abordará o tema para que haja destaque acerca do tema. “No maio laranja damos visibilidade ao tema, mas o trabalho acontece o ano todo”, finalizou Janine.

Esporte Eventos Outras Notícias

Flamengo e Palmeiras abrem Brasileirão no Maracanã

Por Rogério Vidmantas

Imagem: Agência Palmeiras

CBF divulgou detalhamento das dez primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro

O Brasileirão começa no último fim de semana de maio e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou nesta terça-feira (11) o detalhamento das primeiras dez rodadas. Os jogos foram concentrados nos sábados e domingos com diversas faixas horárias. A competição será disputada em 38 rodadas com a última marcada para o dia 5 de dezembro.

Uma das novidades aparece já no primeiro jogo. O campeonato começa no sábado, 29, às 10h (MS) com o campeão da Série B em campo. Na Arena Condá, a Chapecoense-SC recebe o Red Bull Bragantino-SP. No mesmo dia jogam Bahia-BA e Santos em Pituaçu e Cuibá-MT e Juventude-RS na Arena Pantanal, ambos às 18h (MS). Às 20h (MS), jogam São Paulo e Fluminense no Morumbi.

A primeira rodada segue no domingo, 30, com mais seis partidas. Às 10h (MS), o Atlético-MG recebe o Fortaleza-CE no Mineirão. Às 15h (MS), três jogos e um deles coloca frente a frente os dois apontados como favoritos ao título. No Maracanã, o Flamengo, atual campeão, recebe o Palmeiras, campeão da Libertadores. Em Fortaleza, o Ceará-CE recebe o Grêmio e em Curitiba, o Athletico-PR enfrenta o América-MG.

O Corinthians estreia contra o Atlético-GO, às 17h15 (MS), na Neo Química Arena. A rodada termina em Porto Alegre, 19h30 (MS) com Internacional enfrentando o Sport-PE no Beira-Rio.

Retrato da pataxó Rutian do Rosário Santos no centro histórico de Salvador Imagem: Raul Spinassé
Ação Social Outras Notícias

Na negra Salvador, indígenas lutam para estudar e criar comunidades urbanas.

 

Estudante de letras e artista visual, Sandy Eduarda, 27, encontrou nos estudos uma forma de resistência. Yacunã, seu nome indígena, é da etnia tuxá, com origem no município de Rodelas, norte da Bahia.

A própria comunidade a incentivou a cursar o ensino superior. “Eu precisava sair para me instrumentalizar com o conhecimento do não indígena e poder ajudar o meu povo na luta pelo território”, explica.

 

O último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que, em 2010, 7.552 indígenas habitavam os 20 subdistritos de Salvador. Parte, como Yacunã, ainda fortemente ligada às aldeias onde brotaram suas raízes. Outros tantos perderam laços com sua gente.

 

 
 

 

Muitos indígenas —conectados às suas origens ou não— residem no bairro da Federação. Além de estarem próximos à universidade, foram atraídos uns pelos outros.

Não há levantamento que demonstre o aumento da concentração de indígenas próximo à universidade, mas é impossível negar que o campus atrai estudantes do sistema de cotas.

Atualmente, segundo dados da própria UFBA (Universidade Federal da Bahia), entre os quase 28 mil estudantes, 205 são indígenas. O desempenho acadêmico desses estudantes é igual ao dos demais. “As cotas cumpriram seu objetivo de democratizar o acesso. Os alunos indígenas têm um bom desempenho”, afirma o pró-reitor de graduação, Penildon Pena.

Os indígenas da área metropolitana de Salvador buscam maneiras de marcar território em meio à capital, onde, segundo o último Censo do IBGE, oito em cada dez pessoas são negras. Para tanto, além dos traços da indumentária, usam as pinturas corporais.

 

 

As dificuldades para que os indígenas se adaptem ao meio urbano são tema da pesquisadora Maria Hilda Paraíso, cientista social e antropóloga da UFBA, para quem uma das formas de tornar essa empreitada menos complicada é o convívio com outros indígenas.

Difícil enfrentar a mudança de hábitos e as formas de relações sociais hierarquizadas. Quando convivem com outros índios isso se torna, digamos, menos doloroso.
Maria Hilda Paraíso, cientista social e antropóloga

Yacunã vivencia dentro da UFBA —e também fora dela— a mesma luta que seu povo enfrenta há mais de 30 anos, desde que a construção de uma barragem expulsou os tuxás da aldeia de origem.

Com o fim da antiga Rodelas, alagada, a aldeia passou a estar em uma área não mais demarcada. Hoje, em Salvador, Yacunã também se sente um peixe fora d’água, como um matrinxã retirado do rio São Francisco, que aliás banha a sua Rodelas.

No Alto das Pombas, comunidade que fica no mesmo bairro da Federação, Yacunã tem dois amores. Lésbica e ativista do movimento LGBTQIA+, um deles é a namorada, Itayná Ranny; o outro é a luta pela aceitação da presença indígena na capital da Bahia.

“É um imaginário muito estereotipado. Falam: ‘Como assim você é indígena? Você está na universidade, você usa calça jeans, você usa tênis’.”

Por causa de sua orientação sexual, outra briga foi conquistar espaço na própria aldeia. “Eu bati o pé e falei: ‘É isso mesmo’. Não abri mão da minha cultura para vivenciar minha sexualidade, sabe?”

Integrante do Coletivo Tibira, primeiro de indígenas LGBTQIA+ do Brasil, concluiu que, na verdade, a LGBTfobia não faz parte da tradição indígena. “Não é um discurso nosso e nem da nossa cultura. É algo que foi imposto pelo branco”, diz.

 

Elevador Lacerda, no centro histórico em Salvador - Raul Spinassé - Raul Spinassé
 
Elevador Lacerda, no centro histórico em Salvador
Imagem: Raul Spinassé

 

Rutian Pataxó: respeito além do horizonte

Depois de séculos de exploração, violência, doenças e escravização, os indígenas seguem lutando por território onde hoje existe uma metrópole com 3 milhões de habitantes. O objetivo de muitos indígenas que vivem em Salvador é buscar formação especializada.

Poucos são tão obstinados nessa missão quanto Rutian do Rosário Santos, 30. Integrante da segunda turma de cotas indígenas da UFBA, moradora de Salvador desde 2008, Rutian Pataxó é formada em economia e hoje estuda direito na mesma universidade.

Para Rutian, que veio de Coroa Vermelha, indígenas precisam estudar e se aprimorar.

Apesar de estar em uma cidade negra, a universidade ainda é de brancos, homens e héteros. Quando cheguei, existia uma barreira invisível entre cotistas e não cotistas.
Rutian Pataxó, estudante

Ela explica que a definição do que seriam indígenas em áreas urbanas é controversa até mesmo dentro do movimento indígena. São os que moram nas cidades e não têm ligação com as aldeias? São os que mantêm laços com as origens e foram morar na cidade? Ou simplesmente os que vivem nas chamadas aldeias urbanas, próximas às metrópoles?

Fusão com africanidade

A luta pela preservação da cultura une a todos e, nisso, a africanidade da primeira capital do Brasil ajuda. Rutian e outros indígenas bebem na fonte da negritude para manter hábitos.

Na região da Cidade Baixa, que margeia a Baía de Todos os Santos, descobriram a Feira de São Joaquim, onde encontram utensílios e ingredientes usados nas religiões de matriz africana, por exemplo. Não encontram a folha da patioba, mas descobriram a da bananeira.

“A gente viu que eles têm uns utensílios de barro e compramos para fazer nossas comidas”, conta.

Apesar de marcada pelas tensões do processo de colonização e escravização, sempre existiu uma troca dinâmica entre negros e indígenas. Com o tempo, as duas culturas exploradas se fundiram, em alguns casos até religiosamente.

“Isso se expressa de forma marcante no ambiente dos candomblés de caboclo”, exemplifica Fabrício Lyrio, especialista em história dos povos indígenas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Na busca por cada vez mais espaço, os indígenas tentam se manter coesos. Por isso, tudo é feito em grupo. “O que mais impressiona na cidade é o egoísmo, a individualidade. O espírito coletivo é uma coisa que a gente aprende dentro de casa. Sempre estamos juntos”, compara Rutian.

Apesar disso, ela não sabe se um dia vai retornar para Coroa Vermelha. “Acho que você precisa colaborar com a luta de onde você estiver.”

 

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